sexta-feira, 21 de junho de 2013

A felicidade e as perversões

No post de hoje, vou comentar a obra O Mal Estar na Cultura do pai da psicanálise, Freud. A psicanálise é uma corrente derivada da psicologia; foi desenvolvida por Sigmund Freud com o intuito de fornecer explicações acerca do comportamento humano - através dos processos conscientes e inconscientes -, e de também ser uma forma de tratamento de patologias psíquicas.

Nesta publicação, Freud procura compreender de que forma o homem se organiza, como é o seu comportamento diante do que é apresentado pelo meio, pela cultura. Logo no início do livro, o autor propõe que os homens desejam sempre o que eles não têm, e simultaneamente desdenham tudo o que tem verdadeiramente valor em suas vidas. A maioria está em busca de riqueza, sucesso e poder, e, aqueles que possuem outros objetivos não ganham prestígio social como os outros.

Todo esse comportamento, a busca pela riqueza e poder, a "grama do vizinho que é sempre mais verde", a vontade de ser o herói de uma cultura é motivado, na visão freudiana, pela procura da felicidade. O autor contrasta muito a dicotomia felicidade/infelicidade. Considera a felicidade como uma forma utópica de vida, e a causa do homem nunca conseguir ser feliz é a própria cultura.

Os verdadeiros desejos, vontades, pulsões dos homens são reprimidos pela cultura para o bem da civilização. Com isso, por não terem todos seus impulsos pulsionais realizados, os homens vivem com um mal estar; gerado pela cultura.

Daí Freud tira o conceito de perverão. O interessante da perversão é que ela é algo comum e que vive dentro de todo mundo, mas, por ser socialmente inaceitável, ela se torna um mal estar, um conflito interno constante. Um filme que exemplifica muito a forma latente das perversões pessoais (e também as perversões culturais) é o Beleza Americana.

O filme mostra as perversões de cada personagem (o homem mais velho interessado sexualmente em uma menina mais nova; o adolescente que filma cenas pessoais e impróprias de seus vizinhos; a mulher casada que tem um caso; entre outros) e como cada um consegue desenvolver um comportamento de forma a reprimir seus impulsos para que sejam bem vistos pela sociedade. A famosa "máscara".

O ápice do enredo se encontra no momento em que um dos personagens, cansado de guardar suas perversões para si próprio, deixa seu ego borbulhar, para de se repreender em prol da sociedade, dos bons costumes e se solta. Tira a máscara, pára de pensar no que a sociedade vai pensar e é ele mesmo. Quais consequencias vão ser geradas? Terão consequências? Hahaha, você vai ter que ver o filme para saber! (sério, é uma ótima indicação!)

O livro aborda inúmeras outras dicotomias, outros conceitos e outras visões; mas como é muito abrangente, escolhi falar mais sobre o tema central, o mal estar na cultura. Indico a leitura para quem quiser se aprofundar. Segue a bibliografia do livro e do filme! Até a próxima!

Bibliografia:
Freud, S. (2010) O mal estar na cultura. Porto Alegre: L&PM.  (também com edições traduzidas para "o mal estar na civilização")
Beleza Americana. Diretor: Sam Mendes. 1999.

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