sexta-feira, 19 de julho de 2013

De psicólogo e louco, todo mundo tem um pouco!

Oi gente!

Chegamos ao fim da nossa jornada pelo universo da psicologia! Esse semestre passou voando e nem consegui me apresentar. Meu nome é Carolina e estou cursando o 4º semestre de Ciências Sociais na Universidade de Brasília. O blog surgiu como um método de avaliação alternativo da disciplina Introdução à Psicologia, pelo professor Domingos Sávio Coelho, mas acabou virando parte prazerosa da minha rotina. E agora, com esse último post me apresento e me despeço! Espero que vocês tenham gostado dos posts, eu sei que eu gostei de escrevê-los!

Durante todo o curso abordamos diferentes correntes da psicologia, suas teorias, aplicações e estudos. Apresento-lhes a última e na minha opinião a mais importante: a psicologia do senso comum! A psicologia do senso comum caracteriza-se pela causalidade. É inerente ao ser humano atribuir causas à acontecimentos e isso é algo que acontece desde o início da vida em sociedade. A psicologia do senso comum é realizada através das observações pessoais que são relatadas com embasamento cultural, ou seja, através dos valores pessoais, educação, experiencia e conhecimento, desenvolvidos culturalmente.

A psicologia do senso comum é importante e trabalha junto com a psicologia científica. É através dos relatos pessoais observados que o psicólogo vai conseguir desenvolver sua teoria acerca do comportamento humano, uma vez que a psicologia científica limita-se aos fatos reais e a psicologia do senso comum vai além.

Isso pode ser observado em um artigo publicado pelas professoras da Universidade de Uberlândia Tânia Mendonça Marques e Marília Ferreira Dela Coleta. As autoras entrevistaram 71 mulheres que sofreram violência conjugal, afim de procurar as atribuições causais mais comuns nestes casos. Ao serem perguntados sobre a causa do primeiro e do último evento de violência, as respostas mais comuns foram: instável, interna e controlável; estável, interna e incontrolável, respectivamente.

Mas o que isso significa? As mulheres que relataram como instável, interna e controlável observaram a causa da agressão no agressor, causada por um evento particular de instabilidade emocional e ainda acreditavam que esta seria uma situação controlável, que poderia mudar. Já para o último evento, a maioria das mulheres relataram que a causa da agressão estaria na personalidade agressiva do parceiro e que isso não era uma situação a se mudar.

Esta mudança do "porque do evento" relatada pelas mulheres do primeiro para o último ato de violência está naturalizada, arraigada nelas, não foi preciso cursar faculdade de psicologia para desenvolver estas atribuições causais. E é em cima disso que as psicólogas vão desenvolver sua tese sobre o comportamento de mulheres vítimas de agressão conjugal.

Bibliografia: Marques, T. M. ; Dela Coleta, M. F. . (2010) Atribuição de causalidade e reações de mulheres que passaram por episódios de violência conjugal. Temas em Psicologia, 18, 205-218.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A (des)obediência

A obediência se caracteriza como uma virtude, na qual, através de um comportamento, uma ordem é seguida. O ato de obedecer se configura em uma ação em que há pelo menos dois agentes: a autoridade e o que subordina suas vontades; é a dicotomia entre "domínio" e "poder". Este contraste é estudado em diversas áreas da academia. Neste post, abordaremos a obediência sob o prisma da psicologia.

Stanley Milgram é um psicólogo norte americano que buscou compreender o comportamento de pessoas em situações de subordinação. Sua teoria era de que uma pessoa poderia agir de forma não ética, cruel ou até mesmo desumana se recebesse ordens de uma autoridade ou de uma pessoa confiável. 

(anúncio de divulgação do experimento)
Para responder tal questão, Milgram realizou o experimento hoje em dia chamado de "Experiência de Milgram". A experiência científica consistia em uma cabine com um ator do lado de dentro e do lado de fora os voluntários. Estes receberam a ordem de acionar uma descarga elétrica no "sujeito" caso ele errasse alguma questão do teste. Obviamente a máquina estava desligada, mas toda vez que o voluntário apertava o botão, o ator fingia que estava sentindo dores enormes, sofria, implorava para que o experimento terminasse etc.

Milgram queria saber se os voluntários, mesmo recebendo ordens para não encerrar o experimento, teriam a vontade e a força para interrompê-lo. O resultado foi impressionante. Dois terços dos voluntários continuaram a obedecer mesmo quando a voltagem do choque ultrapassou os limites da saúde, podendo causar danos irreparáveis no ator. Sua conclusão foi a de que  "A obediência consiste em que a pessoa passa a se ver como instrumento para realizar os desejos de outra e, portanto, não mais se considera responsável por seus atos. Uma vez ocorrida essa mudança essencial de ponto de vista, seguem-se todas as consequências da obediência". 

Tal experimento serviu de inspiração para diversas outras pesquisas, mas também foi alvo de crítica. Muitas pessoas afirmaram que foi um experimento antiético, pois Milgram induzia os voluntários a agirem de forma cruel. O professor Lawrance Kohlberg que chefia o Centro de Educação Moral da Escola Superior de Educação da Universidade de Harvard afirma que o que Milgram fez com seus pacientes ao colocá-los em uma situação extrema de obedecê-lo e ser antiético ou não obedecê-lo e aceitar as consequências, se iguala ao resultado daqueles que optaram por obedecê-lo, sendo cruéis e desumanos.

O que vocês acham? Pode-se culpar o dominador quando o dominado age de forma impetuosa, cruel e desumana ao obedecê-lo? Ou vocês acreditam que o dominado tem escolha e pode optar pela ética? O dominado é responsável pelos seus atos ao cumprir ordens? Não deixem de comentar!!

Bibliografia: Milgram, S. (1963). Os perigos da Obediência. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67, 371-378.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Centro de Valorização da Vida


Boa noite! Hoje debateremos o comportamento suicida e seus efeitos na sociedade. Este tópico se tornou um problema de saúde pública, mas, pelo seu crescimento alarmante, outras instituições e ONG's tomaram a iniciativa de construir centros de apoio, afim de diminuir a estatística de tentativas de suicídio e de suicídios consumados.

Vamos analisar um tipo de programa de prevenção que existe no Brasil chamado Centro de Valorização da Vida (CVV). O CVV é uma ONG e foi fundada em 1962. Consiste no atendimento de pessoas em crise, por voluntários, através de hotlines. Com a missão de valorizar a vida, ajudando as pessoas a terem uma vida plena e distante do comportamento suicida, o CVV trabalha em cima de 5 valores. São eles: 1) Confiança na tendência construtiva da natureza humana; 2) Trabalho voluntário motivado pelo espírito samaritano, de acordo com a Proposta de Vida; 3) Direção centrada no grupo; 4) Aperfeiçoamento contínuo e 4) Comprometimento e disciplina. (http://www.cvv.org.br/site/conheca.html).

A proposta da ONG é muito interessante, mas não pude deixar de questionar o fato dos atendentes serem todos voluntários. Se o comportamento suicida é um problema de saúde pública, por que estas instituições não são financiadas pelo próprio estado? Lendo um artigo das professoras da PUCRS Blanca Suzana e Carolina Neumann, pude responder esta questão.

Sabe-se que 50% a 60% das pessoas que se suicidam nunca consultaram um profissional de saúde mental (BOTEGA; WERLANG, 2004). Dessa forma, conseguimos concluir que o trabalho de prevenção deve transcender o dos psicólogos e psiquiatras afim de atingir uma maior parcela de pessoas. O trabalho voluntário não surge com o intuito de ocupar as vagas de algum outro profissional, mas sim com a missão de ser um incremento para sociedade, indo aonde os profissionais, seja de qual área for, não conseguem atingir.

A maior motivação do trabalho voluntário é a solidariedade, a vontade de ajudar. Dessa forma, as ONG's conseguem alguma forma de garantia de que quem trabalhará lá, trabalhará por altruísmo, vontade própria ou algo do tipo. Isso respondeu minha questão.

Eu não foquei muito na questão das hotlines, mas gostaria de propor um debate sobre isto. O que vocês acham? O atendimento pelo telefone ou on-line é mais eficiente do que face-a-face? A impessoalidade ajuda ou atrapalha? Não deixem de comentar!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Aprendizagem centrada no aluno

Oi gente!! No post de hoje quero conversar com vocês sobre um método de aprendizagem adotado e desenvolvido pelo psicólogo norte-americano Carl Rogers. Considerado um dos percursores da psicologia humanista, Carl questionava o sistema educacional tradicional, as aulas expositivas e como o foco era sempre no professor. Acreditava que "o homem educado é o homem que aprendeu a aprender (ROGERS, 1986: 126), e que dentro do sistema educativo como um todo, deverá implementar-se um clima propício ao crescimento pessoal do aluno (ROGERS, 1986: 244)" (CAPELO, 2010: 2).

Rogers começou seu trabalho elaborando a teoria central de seu pensamento, batizado por ele como "Aprendizagem Centrada na Pessoa" (ACP). Existem três pontos fundamentais para se compreender os princípios da aprendizagem Centrada no Pessoa, são eles: 1) A ACP segue uma concepção do homem baseada na psicologia humanista; 2) possui uma visão fenomenológica que enfoca a experiência subjetiva da pessoa e 3) é uma forma de compreender a relação entre pessoas.

Da ACP, Rogers desenvolveu dois ramos: a Terapia Centrada no Cliente e a Aprendizagem Centrada no Aluno. Aquela foi pioneira no campo psicoterapêutico, na qual a relação do terapeuta e do paciente segue um caráter de valorização da pessoa humana. A Aprendizagem Centrada no Aluno foi um projeto grandioso, que foi adotado por algumas universidades (inclusive a minha, a UnB) a fim de facilitar o processo de aprendizagem.

O método da Aprendizagem Centrada no Aluno é inovador no sentido de que o enfoque de toda a estrutura educacional antes se firmava no professor e agora, o aluno subia nos holofotes. O professor passa a ser um facilitador, o conteúdo é beeem fragmentado em vários módulos e o aluno realiza as provas quando se sente preparado, e não quando o professor manda. A UnB adotou por quase 15 anos o método de Aprendizagem Centrada no Aluno, vou explicar um pouco como funcionava isso.

Cada disciplina possuía uma apostila com todo o conteúdo dividido em módulos. Não haviam aulas expositivas, o aluno estudava e, caso tivesse dúvidas ia conversar com os monitores. Quando terminava um módulo e se sentia preparado para passar para o próximo, o aluno marcava a prova. Se passasse, seguia para o próximo módulo; caso reprovasse o aluno tinha duas opções: ou estudava mais, marcava a prova novamente e tentava passar, ou ele ia para uma entrevista com o monitor e tentava terminar a prova ali com ele.

Durante o processo de implantação da Aprendizagem Centrada no Aluno, vários fatores foram levados em consideração e pesquisas estatísticas eram realizadas todo fim de semestre para avaliar quantas pessoas passavam, reprovavam, avaliavam positiva ou negativamente o método. O estudante tinha a opção de pegar a disciplina em turmas que seguiam o método padrão, com professores e aulas expositivas.

Mas por que acabou? Sim, essa foi minha dúvida também! O método de Rogers previa para cada 10 a 15 alunos um monitor (todos com bolsa). Dessa forma, cada turma possuia em média uns 30 monitores. O Brasil nesta época vivia um período intenso, com muitas reivindicações e protestos por causa do regime militar, os monitores entraram de greve, depois se demitiram e assim, pouco a pouco o sistema educacional alternativo foi caíndo (porque, como vocês viram, os monitores eram parte essencial para que a aprendizagem centrada no aluno funcionasse).

O sistema educacional proposto por Rogers entrou em vigor em 1963 e acabou por volta de 1977. Eu entrei na UnB em 2011, o que é uma pena pois eu gostaria muito de ter estudado pelo modelo de aprendizagem centrada no aluno! Acredito que seria bem proveitoso! E vocês? Gostaram desse modelo ou preferem o tradicional? Alguém aí foi aluno da UnB nesta época? Comente! :)

Eu usei essa bbliografia (além das aulas sobre o tema):
Capelo, F.M. (2010) Aprendizagem Centrada na Pessoa: Contribuição para a compreensão do modelo educativo proposto por Carl RogersRevista de Estudos Rogerianos, A Pessoa como Centro, no. 5.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A felicidade e as perversões

No post de hoje, vou comentar a obra O Mal Estar na Cultura do pai da psicanálise, Freud. A psicanálise é uma corrente derivada da psicologia; foi desenvolvida por Sigmund Freud com o intuito de fornecer explicações acerca do comportamento humano - através dos processos conscientes e inconscientes -, e de também ser uma forma de tratamento de patologias psíquicas.

Nesta publicação, Freud procura compreender de que forma o homem se organiza, como é o seu comportamento diante do que é apresentado pelo meio, pela cultura. Logo no início do livro, o autor propõe que os homens desejam sempre o que eles não têm, e simultaneamente desdenham tudo o que tem verdadeiramente valor em suas vidas. A maioria está em busca de riqueza, sucesso e poder, e, aqueles que possuem outros objetivos não ganham prestígio social como os outros.

Todo esse comportamento, a busca pela riqueza e poder, a "grama do vizinho que é sempre mais verde", a vontade de ser o herói de uma cultura é motivado, na visão freudiana, pela procura da felicidade. O autor contrasta muito a dicotomia felicidade/infelicidade. Considera a felicidade como uma forma utópica de vida, e a causa do homem nunca conseguir ser feliz é a própria cultura.

Os verdadeiros desejos, vontades, pulsões dos homens são reprimidos pela cultura para o bem da civilização. Com isso, por não terem todos seus impulsos pulsionais realizados, os homens vivem com um mal estar; gerado pela cultura.

Daí Freud tira o conceito de perverão. O interessante da perversão é que ela é algo comum e que vive dentro de todo mundo, mas, por ser socialmente inaceitável, ela se torna um mal estar, um conflito interno constante. Um filme que exemplifica muito a forma latente das perversões pessoais (e também as perversões culturais) é o Beleza Americana.

O filme mostra as perversões de cada personagem (o homem mais velho interessado sexualmente em uma menina mais nova; o adolescente que filma cenas pessoais e impróprias de seus vizinhos; a mulher casada que tem um caso; entre outros) e como cada um consegue desenvolver um comportamento de forma a reprimir seus impulsos para que sejam bem vistos pela sociedade. A famosa "máscara".

O ápice do enredo se encontra no momento em que um dos personagens, cansado de guardar suas perversões para si próprio, deixa seu ego borbulhar, para de se repreender em prol da sociedade, dos bons costumes e se solta. Tira a máscara, pára de pensar no que a sociedade vai pensar e é ele mesmo. Quais consequencias vão ser geradas? Terão consequências? Hahaha, você vai ter que ver o filme para saber! (sério, é uma ótima indicação!)

O livro aborda inúmeras outras dicotomias, outros conceitos e outras visões; mas como é muito abrangente, escolhi falar mais sobre o tema central, o mal estar na cultura. Indico a leitura para quem quiser se aprofundar. Segue a bibliografia do livro e do filme! Até a próxima!

Bibliografia:
Freud, S. (2010) O mal estar na cultura. Porto Alegre: L&PM.  (também com edições traduzidas para "o mal estar na civilização")
Beleza Americana. Diretor: Sam Mendes. 1999.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Aprendizagem condicionada: vilã ou mocinha?

Hoje vou abordar a tese de doutorado da Agostinha Mariana C. Almeida, aluna da USP. "Complexidade de associações de estímulos condicionais de "occasion setting" do contexto do uso de droga, com abstinentes de cocaína: Uma interface entre o laboratório e a clínica" é o tema da tese que, a principio, nos parece distante daqueles que não são da área de psicologia, mas, no decorrer da tese, percebemos que é um tema altamente dinâmico e realista, que nos esclarece muito sobre o contexto da adicção e sua formação pelo processo de aprendizagem condicionada.

A autora foca seu estudo em pacientes abstinentes de cocaína, todos do sexo masculino e com idade variando entre 24 e 40 anos. Seu estudo de caso se dá através de entrevistas semi-estruturadas, nas quais o entrevistado tem grande participação e abertura para falar, o que facilita a descoberta dos meios de associações condicionadas dos adictos. O cerne da tese está na complexidade da associação dos estímulos internos e externos do contexto da droga com as representações dadas aos efeitos da droga relatadas subjetivamente pelos adictos.

Parece complicado, mas não é tanto assim. A aprendizagem condicionada possui uma relação entre esforço, recompensa ou castigo. No contexto da droga, a autora traz os estímulos externos e internos (como festas, amigos, dinheiro, fim-de-semana, emoção e percepção) como agente incentivador do uso de drogas, e assim do "occassion setting", que seriam as representações dadas aos efeitos da droga, no contexto da droga, pelos adictos. 

"Um estímulo pode sinalizar a vinda da droga, atuando como excitatório ou inibitório, depende das associações de representações que são sinalizadas." (ALMEIDA, 2008), tal afirmação nos abre uma série de possibilidades que explicariam tanto o inicio da adicção, como o possível tratamento dela. Como assim? A causa pode ser a solução? Sim!! Como o adicto consegue estabelecer associações positivas entre algum fator externo e os efeitos da droga, este, na teoria, também conseguiria associar coisas negativas aos efeitos da droga. Da mesma forma que ele associa festa com o efeito estimulante da cocaína, ele, através da aprendizagem condicionada, pode inibir tal associação retirando o "occasion setter" que seria o fato dele só se divertir na festa com a cocaína, e pensando que sem a cocaína ele está melhor, garotas se interessam por ele e a vida está boa.

Pensando nesta possibilidade de tratamento, podemos ampliar o panorama para inúmeras situações e não só a adicção das drogas. Por exemplo, um homem que possui uma associação condicionada que depois do sexo é sempre gostoso fumar um cigarrinho, pode, através da aprendizagem condicionada também inibir este vício.

A aprendizagem condicionada é algo praticamente inerente ao ser humano em sociedade, pois é através de estímulos externos que ele relacionará uma coisa a outra, podendo esta relação ser positiva ou negativa. E vocês? Já pensaram em algum comportamento que vocês realizam através da aprendizagem condicionada? Será possível inverter este comportamento através da própria associação condicionada? Não deixe de comentar! E até a próxima!

Bibliografia: Almeida, A.M.C. (2008) Complexidade de associações de estímulos condicionais de occasion setting do contexto do uso de droga com abstinentes de cocaína: uma interface entre o laboratório e a clínica. Universidade de São Paulo: tese de doutorado.

domingo, 26 de maio de 2013

PMD: o que é?

Boa Noite!

No post de hoje, vou abordar um artigo escrito durante a graduação de uma Enfermeira chamada Luciana Monteiro Mendes Martins. Por uma disciplina de seu curso, Luciana estagiou em um hospital na ala de psiquiatria, tratando pacientes diagnosticados com o distúrbio Psicose Maníaco-Depressivo (PMD).

O PMD é um distúrbio de humor e pode ser caracterizado com 3 tipos de sintomatologia diferentes: o maníaco, o depressivo e o misto. Os pacientes de caráter Maníaco possuem uma elevação de humor, euforia intensa na qual planos e ideias grandiosos são arquitetados. Há aumento da atividade, assim, os pacientes PMD maníacos podem desenvolver irritabilidade, insônia, uma elevação de libido, além de gastos excessivos agravando-se para hostilidade e violência física a quem "se meter" em sua vida, dando conselhos ou tentando colocar limites. O tratamento é dado através de anti-depressivos, neurolépticos e eletroconvulsoterapia (ECT).

A fase mista se caracteriza por um período de normalidade, ou seja, um período de estabilidade do humor. Nem todo paciente passa por este estágio. E a fase depressiva tem como característica a melancolia, a perda de interesse pela vida. O paciente se sente desanimado e inútil, com desinteresse, perde o prazer nas atividades. Nesta fase, as ideias e os pensamentos tendem a ser majoritariamente pessimistas e tristes, a auto-estima é baixa e o paciente depressivo se sente inseguro e culpado, com tendencia suicida.

No tratamento, a relação enfermeiro-paciente não deve ser dada de forma arbitrária. Existem uma série de técnicas terapêuticas a fim de facilitar esta interação, criando um ambiente seguro e confiável para que o paciente se sinta capaz de dialogar sobre seus sentimentos e prolemas. O enfermeiro pode aprimorar estas técnicas usufruindo de sua personalidade e compreensão, ajudando o paciente a lidar positivamente com situações difíceis e estressantes.

Esta junção entre técnica e personalidade é o que incentiva Luciana a lidar com sua paciente maníaca depressiva. A enfermeira busca, no diálogo, deixar um espaço bem amplo para a paciente responder, fazendo perguntas abertas e ficando em silêncio quanto tempo for necessário. Tal técnica é chamada de silêncio terapêutico, e é uma das formas que a autora relata ter usado no tratamento de sua paciente.

O artigo é extremamente informativo, e quebra o esteriótipo do senso comum a respeito de pacientes bipolares. Enquanto a maioria dos artigos científicos desta área abordam somente os reflexos e opiniões dos pacientes, Luciana relata suas percepções e pensamentos acerca de sua paciente. Este "olhar nunca contado" me chamou muita atenção e me faz indicar a vocês a leitura deste artigo.

Blibliografia: Martins, LMM (1999) Assitência de enfermagem a pacientes com desordem bipolar e sentimentos da estudante de enfermagem: estudo de caso. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 33, 421-427.