sexta-feira, 12 de julho de 2013

A (des)obediência

A obediência se caracteriza como uma virtude, na qual, através de um comportamento, uma ordem é seguida. O ato de obedecer se configura em uma ação em que há pelo menos dois agentes: a autoridade e o que subordina suas vontades; é a dicotomia entre "domínio" e "poder". Este contraste é estudado em diversas áreas da academia. Neste post, abordaremos a obediência sob o prisma da psicologia.

Stanley Milgram é um psicólogo norte americano que buscou compreender o comportamento de pessoas em situações de subordinação. Sua teoria era de que uma pessoa poderia agir de forma não ética, cruel ou até mesmo desumana se recebesse ordens de uma autoridade ou de uma pessoa confiável. 

(anúncio de divulgação do experimento)
Para responder tal questão, Milgram realizou o experimento hoje em dia chamado de "Experiência de Milgram". A experiência científica consistia em uma cabine com um ator do lado de dentro e do lado de fora os voluntários. Estes receberam a ordem de acionar uma descarga elétrica no "sujeito" caso ele errasse alguma questão do teste. Obviamente a máquina estava desligada, mas toda vez que o voluntário apertava o botão, o ator fingia que estava sentindo dores enormes, sofria, implorava para que o experimento terminasse etc.

Milgram queria saber se os voluntários, mesmo recebendo ordens para não encerrar o experimento, teriam a vontade e a força para interrompê-lo. O resultado foi impressionante. Dois terços dos voluntários continuaram a obedecer mesmo quando a voltagem do choque ultrapassou os limites da saúde, podendo causar danos irreparáveis no ator. Sua conclusão foi a de que  "A obediência consiste em que a pessoa passa a se ver como instrumento para realizar os desejos de outra e, portanto, não mais se considera responsável por seus atos. Uma vez ocorrida essa mudança essencial de ponto de vista, seguem-se todas as consequências da obediência". 

Tal experimento serviu de inspiração para diversas outras pesquisas, mas também foi alvo de crítica. Muitas pessoas afirmaram que foi um experimento antiético, pois Milgram induzia os voluntários a agirem de forma cruel. O professor Lawrance Kohlberg que chefia o Centro de Educação Moral da Escola Superior de Educação da Universidade de Harvard afirma que o que Milgram fez com seus pacientes ao colocá-los em uma situação extrema de obedecê-lo e ser antiético ou não obedecê-lo e aceitar as consequências, se iguala ao resultado daqueles que optaram por obedecê-lo, sendo cruéis e desumanos.

O que vocês acham? Pode-se culpar o dominador quando o dominado age de forma impetuosa, cruel e desumana ao obedecê-lo? Ou vocês acreditam que o dominado tem escolha e pode optar pela ética? O dominado é responsável pelos seus atos ao cumprir ordens? Não deixem de comentar!!

Bibliografia: Milgram, S. (1963). Os perigos da Obediência. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67, 371-378.

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